8 de ago. de 2015

UM BREVE OLHAR FANTÁSTICO SOBRE A TERCEIRA IDADE

No primeiro domingo do ano fui pela manhã bem cedo ao supermercado próximo de onde eu moro. Haviam 2 caixas funcionando, uns 15 funcionários, uns 10 clientes, um monte de produtos já em oferta, eu e meu carrinho. A intenção era de uma compra mínima para começar bem a primeira semana do ano, após tantas celebrações. Dirijo-me feliz e saltitante para uma pequena e aparentemente ligeira fila com meus 10 volumes, logo, um caixa também especial para a terceira idade.

Meus primeiros 5 minutos foram bem entretenedores, buscando com o olhar alguma outra coisinha promocional, de fácil acesso, antes de minha hora. Foi aí que percebi um certo “engastalhamento” entre uma cliente, seu cartão e a mocinha do caixa.

Tudo bem, lá se foram 10 minutos numa fila “de 3” que em seguida se tornou “de 4”. O próximo da vez era um senhor alto,  simpatia pura, cabelos muito brancos e um pouco grandes e sem corte, meio calvo, nariz largo, bigode, sem barba, nem gordo nem magro, bem vestido com sua roupa esporte, aparentava estar curtindo seu domingo depois de tantos momentos com a família. Por instante tive a impressão que sua senhora o pedira para levar a sobremesa e detergente, pois era apenas isso que ele carregava. Aliás, 3 detergentes pra aproveitar a promoção e sobremesa fina. A fila já havia se acrescido de mais uns 4 clientes, quando de repente… esse senhor se dirige para a mocinha do caixa em alto e bom tom: “Está feliz hoje, filha?” Ao conferir o semblante da mocinha vi que seria difícil ela responder àquela pergunta de forma positiva. Também tinha certeza que sua face não era daquele jeito. Domingo 8 h da manhã, primeiro domingo do ano, nem bem descansamos da noite virada, o que mais poderia pensar sobre seus aborrecimentos? Ela respondeu em meio tom e com o canto da boca: “estou sim, graças a Deus” e ponto final. Daí a pouco… novas colocações enquanto os produtos eram mirados pelo infravermelho: “esse preço está bom, por isso estou levando 3”.

Percebi uma  “ingenuidade madura”  naquele senhor (se é que existe isso). Ele estava feliz da vida naquele domingo, demonstrando pra todo mundo sua alegria de viver, experimentando suas brincadeiras amistosas quando se assustou com o preço das coisas que pegou. A mocinha sem paciência pergunta “vai levar ou não vai?” O senhor entrou num verdadeiro “looping” em poucos segundos, tentando manter a elegância. “Não, uai, espera aí… esse aqui não pode ser isso, espera aí”. O difícil pra mim foi ver a impaciência da caixa com seu cliente sênior: “tem que ver direito, viu, prestar atenção…” O senhor continuou ingênuo mas tentando entender o que foi que acontecera porque os produtos estavam mais caros dos que havia escolhido. Logo eu imaginei a cena: ele viu a placa de oferta do produto de cima e achou que fosse do produto de baixo.

A caixa pediu a abertura de sua máquina para devolução das mercadorias. A fila já agarrava há 20 minutos. O senhor mantendo sua espontaneidade inocente comenta: “É menina, seu caixa tá agarrado hoje né?” E ela, não perde a chance: “Pois é, e ainda aparece gente pra agarrar mais ainda. Tem que prestar atenção meu senhor...” Ela continuava falando pelo canto da boca parecendo que uma hora iria explodir. Ele ingênuo e reticente ainda tentando entender o que aconteceu com os preços. Nesta hora não consegui ficar quieta e entrei na conversa para explicar ao senhor quais produtos estavam na promoção demonstrando através dos que também havia colocado em meu carrinho. Ele explanou um “ah, é? Puxa vida! Então eu quero esse”, apontando pro meu. O resultado de tudo isso foi: a mocinha do caixa brava e irritada, eu apreensiva querendo ajudar e ele apesar de cheio de dúvidas e confusão, leve e feliz. Pensei: “Meu Deus, a terceira idade é fantástica! Por quantas situações esse senhor deve ter passado em sua vida? E agora ali celebrando mais um ano novo, não importa o dia nem a hora do dia, nem o lugar, nem com quem, nem o que quer que aconteça?”

Continuando, toda sua compra foi anulada e enquanto ele refazia sua cestinha cheio de energia, eu ia passando os meus produtos e continuando a pensar: “como poderia ajudar mais numa situação como essa, onde observamos a falta de paciência ou falta de preparo que pode existir no mundo por aí ao lidar com as pessoas mais velhas? E como será daqui há 15 anos onde as estatísticas apontam 3 idosos para cada criança? Pergunto a você quais soluções teríamos para convivermos em harmonia com as nossas diferenças? Mas também como ajudar a terceira idade desenvolver  mais cuidado e atenção para com as coisas que fazem? De fato aquele senhor não observou atentamente as informações. E hoje em dia há muitas informações “ tortas” das quais a terceira idade tem que se proteger!”

Espero que possamos aprender AGORA, lidando com os mais velhos de AGORA, ensinando as crianças de AGORA a sermos mais responsáveis e comprometidos com a vida que temos, sem responsabilizar outros pelas mazelas que atraímos. Então desenvolvermos mais amor, senso de cuidado, gentileza e respeito uns pelos outros, de qualquer idade, para que possamos vivenciar práticas sociais mais saudáveis daquelas que infelizmente presenciamos muito em nosso dia a dia. 


fonte: aterceiraidade

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