A vaidade é construída ao longo da vida, mas pode aflorar quando se tem mais tempo para cuidar de si, com a aposentadoria e o crescimento dos filhos, explica a psicóloga Raquel Mazuqui, da clínica Ápice. Ela ressalta, no entanto, que a satisfação consigo mesmo pode, e deve, estar mais ligada às realizações, se tem uma rotina produtiva e seus relacionamentos. "A autoestima é uma atitude positiva em relação a olhar no espelho e gostar de si mesmo", afirma.
No Clube do Idoso, da Prefeitura de Sorocaba, uma turma acima dos 60 anos se reúne para atividades físicas e dança. Mesmo com roupas de ginástica, a vaidade de cada um se evidencia nos detalhes. As unhas coloridas, a maquiagem completa, brincos e anéis nas senhoras, já os "rapazes" investem em bigodes bem aparados e tênis da moda.
Para Magali Ribeiro, 61 anos, cuidar de si mesma é uma das formas que encontrou para continuar animada, mesmo após a viuvez há três anos. Pinta as unhas duas vezes por semana, cuida dos cabelos e adora um batom -- os prediletos são de cores fortes. "Levo uma hora para me arrumar", revela. Aos fins de semana, a diversão é dançar e o visual escolhido condizente. "Salto e vestido", afirma. A aposentada conta que o objetivo é não ficar parada, seja em atividades físicas, dança ou outras formas de lazer. Magali sente que está ainda mais bonita e vaidosa do que na juventude. "Eu mudei muito", afirma.
O casal Shirley Caramez, 65 anos e José Luiz Caramez, 70 anos, não quer perder o ritmo e investe nos exercícios físicos. "Eu acho importante. Não quero perder essa vaidade nunca", conta Shirley. Além de se dedicar à própria aparência, estende os cuidados ao companheiro. "Eu procuro deixar ele arrumado também", diz.
A psicóloga aponta que, com o envelhecimento da população, a visão que a sociedade tem do idoso está mudando. A imagem bucólica da "vovózinha de chinelinho" dá espaço a novas personalidades. Ela pede atenção, entretanto, para as armadilhas da vaidade em uma sociedade que enaltece a beleza e a relaciona com a juventude.
Maria da Conceição Rodrigues Pereira, 75 anos, afirma que sempre foi vaidosa e não abre mão de se enfeitar. "Eu sou assim. Isso é de mim", diz. Exibe um visual exuberante, com bijuterias verdes, e unhas e lábios pintados de vermelho. "Hoje eu saí dizendo que queria ser cigana", revela mostrando os brincos, colar e pulseiras. O que mais se destaca em Maria, no entanto, é o bom-humor e a irreverência. Seu melhor enfeite é o sorriso.
Fonte: http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/770737/terceira-idade-sempre-e-hora-de-cuidar-da-vaidade-e-autoestima
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